Retrospectiva 2013: fora do armário, atletas gays ainda lutam por respeito@
Lili e Larissa, Jason Collins, Tom Daley... Apesar das conquistas e do carinho dos fãs, homossexuais assumidos ainda enfrentam preconceitos dentro e fora do esporte
O caso de maior alcance no Brasil foi o casamento entre Larissa e Lili, que estavam juntas há cerca de dois anos. Pelo Facebook, a medalhista de bronze em nos Jogos de Londres 2012 ao lado de Juliana e a jogadora do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia compartilharam fotos da festa e exaltaram a união com mensagens carinhosas, como “Obrigada por esse dia maravilhoso em nossas vidas, meu amor. Te amo!” e “Só tenho olhos pra você!”.
Mundo afora, relacionamentos homossexuais também estamparam as manchetes esportivas. O astro do salto ornamental Tom Daley, queridinho da Inglaterra e eleito o homem mais sexy do mundo em 2013 pela revista “Attitude Magazine”, utilizou um vídeo divulgado no YouTube para assumir sua orientação e revelar que está namorando outro homem.
Nos Estados Unidos, o veterano jogador de basquete Jason Collins, de 34 anos, tornou públlico ser homossexual. Ele é o primeiro atleta em atividade na história das principais ligas profissionais do país a se declarar abertamente gay. O pivô, que defendia o Washington Wizards, time do brasileiro Nenê e agora está sem clube desde julho, afirmou que chegou a namorar mulheres, mas recebeu apoio de uma tia para aceitar sua orientação.
A repercussão das declarações de Collins foi grande, e o jogador recebeu apoio público de muitas personalidades americanas. Por meio das redes sociais, o ex-presidente Bill Clinton, o ator Dwayne “The Rock” Johnson, o cineasta Spike Lee e outros jogadores, como Kobe Bryant, Tony Parker e Steve Nash, além de ex-companheiros dos Wizards, elogiaram a atitude e a coragem do pivô.
No entanto, muitos atletas que admitem publicamente sua orientação sexual ainda enfrentam o preconceito dentro e fora do esporte. Em outubro, o portorriquenho Orlando Cruz, primeiro boxeador em atividade assumidamente gay na história, lutou contra o mexicano Orlando Salido pelo cinturão peso pena da Organização Mundial de Boxe (OMB). Vestindo um calção com as cores do arco-íris, o pugilista foi alvo de insultos homofóbicos vindos da arquibancada.
O portorriquenho, que também usava luvas pretas com detalhes em rosa, acabou perdendo o combate. Se conquistasse o título, Cruz planejava homenagear o ex-bicampeão mundial Emile Griffith, que morreu em julho deste ano e foi o primeiro a admitir ser bissexual depois de sua aposentadoria. Em novembro, já recuperado da derrota, Cruz se casou com o namorado, José Manuel Colón, em uma cerimônia no Central Park, em Nova York.
Insultos e comentários homofóbicos também já afetaram o jogador de futebol americano Kevin Grayson, ex-aspirante à NFL (liga profissional de futebol americano). Tido como uma das maiores promessas do esporte nos Estados Unidos nos últimos anos, ele revelou ser homossexual no início do ano. Na ocasião, Grayson disse já ter sofrido hostilidade por parte de treinadores e companheiros de equipe, que o chamavam de apelidos como “princesa”, “bicha” e “homo”.
Polêmica à vista: Olimpíadas de Inverno Sochi 2014
Para Isinbayeva, os atletas estrangeiros deverão respeitar as regras do país e não se comportarem publicamente como homossexuais. O discurso da musa do atletismo, afinado com as leis que vigoram por lá e preveem prisão para quem pratica ou promove a homossexualidade no território russo, não foi bem recebido ao redor do mundo, aumentando a onda de protestos e ameaças de boicote à competição de Sochi. Mais tarde, Isinbayeva voltou atrás e disse que foi mal-interpretada.
A mobilização contra a legislação russa foi potencializada após a postura defendida por Isinbayeva. Com a proximidade da abertura dos Jogos, a lei antigay passou a ser refutada também por figuras políticas, inclusive o presidente americano, Barack Obama, que desafiou o governo russo ao anunciar que a delegação oficial do país terá, entre seus membros, duas mulheres declaradamente homossexuais: a ex-tenista Billie Jean King e a jogadora de hóquei Caitlin Cahow.
Apesar de não criticar abertamente a lei antigay, o comunicado da Casa Branca apresentou outros indícios da desaprovação dos Estados Unidos em relação ao código de conduta russo. O mais importante deles é a ausência de Barack Obama na cerimônia de abertura dos Jogos de Inverno, sob o argumento de que o presidente americano não encontrou tempo em sua agenda para viajar para a Rússia.
Até agora, nenhum país confirmou boicote oficial às Olimpíadas de Sochi, mas outros líderes adotaram posicionamento semelhante ao de Obama. O presidente da Alemanha, Joachim Gauck, decidiu não viajar para o evento em resposta às violações de direitos humanos e perseguição do governo russo. Na sequência, o ministro das relações exteriores da França, Laurente Fabius, anunciou que nem ele nem o presidente François Hollande planejam ir para a competição.
A lei antigay também tem provocado debates e campanhas calorosas na internet. Muitos grupos que lutam pelos direitos das comunidades homossexuais criaram petições online pedindo que atletas e governantes boicotem o evento. A causa ganhou a adesão de personalidades do cenário pop, como as cantoras Lady Gaga e Cher - esta última recusou um convite para cantar na cerimônia de abertura da competição.
A rigorosa legislação também divide opiniões dentro da Rússia. Uma organização do país que luta pela igualdade de direitos dos homossexuais anunciou que pretende organizar os Jogos Gays em Moscou, logo após o término das Olimpíadas de Sochi. O evento terá o objetivo de atrair apoio para a causa homossexual e ganhou respaldo do americano Greg Louganis. O ex-saltador de trampolim, gay assumido, prometeu competir na capital russa.
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